Contrariemos os Desencontros: outubro 2016

Apenas palavras

by Unknown - 15:19

Queria dizer que te amo. Que te odeio. Que seus olhos transformam os meus em pequenas azeitonas tingidas de mar. Que seu nariz me irrita. E sua pele, ah! sua pele não é nada condizente com a do príncipe encantado com o qual algum dia sonhei. Que sua loucura exacerba todos os limites. Que sua infantilidade chega a um auge que eu nunca vislumbrei de perto. Que seus cabelos formam ondas tão embaraçadas e singelas quanto as ondas do céu. Que seu queixo parece um biscoito, daqueles disformes e imperfeitos. Que sua testa me olha como se me dissesse algo que eu já deveria saber. Que suas sobrancelhas acenam qualquer coisa que eu não entendo. Que suas orelhas parecem querer escutar até os mais minuciosos sons. Que seus dedos encaixam exatamente onde há falta nos meus.

Queria te dizer muita coisa, mas não tenho palavras suficientes para colocar para fora todo esse redemoinho que aprisiono. Então, esboço um sorriso, pois é este que, no fim das contas, nos calará pra sempre.

Contrariemos os Desencontros

Juliana Aguiar

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Vi-ver

by Unknown - 13:08

Não tenho as mais belas palavras pra te dizer. Não sou feita de céu, mar, flor, tampouco de poesia! Eles me escutam como se fossem obrigados a tal. Talvez eu os obrigue. Talvez eu os invoque de perto, como quem precisa de alguns ouvidos atentos e sensíveis que não opinem, que não me destruam. Sim, eu sou facilmente derrubada, como a âncora de um navio, sempre a caminho do fundo, do mais profundo dos oceanos: aquela imensidão sem luz, sem matéria fotossintética, sem cores. Não, não consigo imaginar uma vida sem um caleidoscópio, uma vida sem a possibilidade de colorir, uma vida de ausência. A vida não teria que, por obrigatoriedade, ser presença?

"Presença de quê?", me perguntariam. E eu olharia com a serenidade de quem não faz a mais pálida ideia da resposta, e assim espera se manter. Quem a encontra, perde a essência da vida, a essência de acertar às vezes e errar na maior parte delas. Quem a encontra não vê mais a alegria das pequenas coisas, pois estas são pequenas e apenas coisas. Apenas coisas. Quem a encontra não sabe mais por onde viver, como viver, por quê viver.

Vi-ver. Até parecem dois verbos acoplados. E quem teria propriedade pra dizer que não são?

Contrariemos os Desencontros

Juliana Aguiar

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Sobre tufões e a solidão

by Unknown - 12:58

Inverto o avesso

Começo um novo recomeço

À espera que, um dia, acerte

A linha da partida

Ou a hora do "esqueço".

Contrariemos os Desencontros

Eram 7h da manhã e o despertador insistia em fazer alarido, esperando que eu me levantasse e lhe pusesse um fim à festividade. Minha cabeça doía como se estivesse se recuperando de um esmagamento quase fatal. Minhas vísceras rebolavam, dançando ao mesmo acorde que todo o meu corpo insistia em repetir. Recordo-me do que havia feito ontem: bebido. As pessoas precisam de uma forma de escape que realmente funcione – pena que não existe. Assim, buscamos sempre aumentar a dose com o propósito de chegar a tal intocável nível, provavelmente, inexistente. E foi isso que eu fiz.

A imagem dele retorna à minha cabeça enquanto levanto. Não, não você; de novo, não. E me deixo cair outra vez por entre os lençóis frios, vazios, incompletos. Imersa em meus pensamentos, procuro uma via por onde seguir, por onde retomar minha paz, meu equilíbrio. Ele veio e se foi como um tufão – e, agora, como permanecerei, se me acostumei a tal tempestade?

Passam-se horas até minha primeira resposta vir à tona: a solidão. Quem melhor para me curar, senão eu mesma? Quem melhor para me mimar? Para me dedicar letras de musicas, cartas, poesias? Para me fazer sentir espontânea? Para me fazer sentir livre? Para me fazer sentir minha, própria, essência?

Amanhã será um novo dia.

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Adquira o livro

by Unknown - 13:21

Há três opções para adquirir o livro:

1- Loja da Editora Multifoco

2- Diretamente com a autora, com direito a diversos brindes e dedicatória:

Na página do facebook
Por e-mail: juh_m_a@hotmail.com

3- Livraria da Travessa

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A pessoa perfeita

by Unknown - 15:04

Se flor,

Não volte;

Desabroche.

Contrariemos os Desencontros

A pessoa perfeita não é aquela que, num encontro clichê, irá se esbarrar em você, jogar os seus livros no chão e, ao apanhá-los, o olhar será tão denso que se tornará na gênese do amor. A pessoa perfeita não é aquela que, apesar de ser a mais popular da escola, irá notar na sua presença e fazer desta a sua predileta. A pessoa perfeita não é aquela que faltará à aula por você. A pessoa perfeita não é aquela que transgride a lei só para te fazer feliz. Não.

A pessoa perfeita te trará doces num dia incomum, mas também esquecerá dos presentes em um dia importante. A pessoa perfeita poderá até ter uma ou duas qualidades invejáveis, porém o pacote completo conterá também os defeitos. A pessoa perfeita te mandará mensagens de carinho, te dedicará músicas e declamará poesia em seu nome, entretanto, também brigará com você, fará birrinha em horas oportunas e te provocará ciúmes.

É inerente ao humano errar. É inerente ao humano produzir memórias ruins. É inerente ao humano ser defeituoso. É inerente ao humano magoar. É inerente ao humano ser humano.

A pessoa perfeita é aquela que ficará, não importa o quanto a situação se torne caótica, não importa para onde o futuro, com ela, levará. E, se não levar, que ambos encontrem a paz interior e sigam em frente; que ambos desabrochem e encontrem suas respectivas pessoas perfeitas em algum canto desse mundo.

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Contato

by Unknown - 16:42

E-mail: juh_m_a@hotmail.com

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Aquele tipo de amor

by Unknown - 11:30

Rita ria pros rios

Sua vida saiu dos trilhos.

Contrariemos os Desencontros

Rita era uma pessoa comum. Acordava todos os dias ao som do despertador para ir trabalhar, tinha suas horas milimetricamente preenchidas e ia dormir cedo para suas noites lhe proporcionarem sempre um descanso rejuvenescedor. Não tinha filhos, muitos amigos, ou um namorado, dividindo o seu tempo livre entre assistir séries, ler e cuidar do seu gato – Milu.

Gostava mais ou menos dessa sua vida mais ou menos, seguindo a mesma mais ou menos rotina, ao longo dos seus mais ou menos dias. Até que, um dia, cansada da mesmice, resolveu procurar o brilho nas pequenas coisas, e aí se encontrou e encantou por completo.

Começou por trocar sua mobília e terminou por trocar as vestes do seu coração – tudo mais leve, mais aberto ao mundo lá fora. Cortou o cabelo e transformou seu guarda roupa num lugar onde ela mesma se amava, como nunca havia se amado antes: aquele amor do tipo próprio e verdadeiro.

Não podemos dizer que, exteriormente, sua vida mudou por inteiro – não, nem de longe isso. Tudo continuava no seu exato lugar: o horário pontualmente preenchido, o emprego, o Milu. A diferença se fez presente por outra coisa maior, bem maior do que o que todos têm acesso visivelmente: o interior. E foi aí que sua existência tornou-se mais colorida, tal como deveria ser.

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Sorrisos

by Unknown - 14:23

Enquanto eu a olhava

Tão linda e cheia de sorrisos

Mais nada no mundo restava

A não ser aquele momento:

Nós, como uma fotografia.

Contrariemos os Desencontros

– Se dois e dois são quatro..., ele sussurrava, olhando para mim como se eu fosse realmente compreender sua implacável lógica matemática.

Eram 11:30h da noite e, mesmo inebriados de sono, persistíamos na tentativa de manter os olhos abertos sem qualquer propósito que realmente fizesse sentido. Nesses alucinantes momentos, contávamos as estrelas como quem conta carneirinhos, desprovidos de qualquer intuito que invoque mais ainda o sono. Contávamos, também, histórias de um tempo que, nem o tempo, nem a memória apagam – as mais preciosas relíquias que a nossa vida poderia, algum dia, coletar: memórias.

A introspectiva foi tão longa que, apenas quando ouvimos o galo cantar que nos apercebemos do estrago que havíamos feito, e fomos dormir, silenciosamente, como se o tivéssemos feito durante a noite toda.

De súbito, porém, passado poucas horas, acordei no meio da manhã, num salto incalculável e irrepetível. Era um sonho. Era um pesadelo, aliás. Daqueles que estremecem as vísceras, que transformam o globo ocular na testemunha mais plausível, apesar de menos sensível. Afinal, tais dotes pertencem ao coração – esse dissimulado parasita que diz que quer, que não quer, que quer, que não quer, e assim vai, atrapalhando a vida de seu portador.

Ao despertar de tal impetuosidade, vejo seus olhos atentos a mim. Não pareciam ter aberto de susto, não pareciam sequer terem sido abertos naquele mesmo momento que os meus.

– Teve um pesadelo?

– Tive...

– Nada vai acontecer com você. Está comigo. Não irei deixar que nada aconteça a você.

Sorrimos.

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Conheça melhor o blog

by Unknown - 15:40

Primeiro, veio a ideia de participar de concursos literários. Ocorreram muitas derrotas, porém, também, muitas vitórias. Participei do livro do I Concurso de contos e minicontos da Editora Illuminare, seguido do I concurso de poesia Amigos da Biblioteca de Sumaré e do I Concurso literário Machado de Assis da Canal 6 Editora. Mais aprovações vieram, e mais a minha confiança para realizar um dos meus grandes sonhos aumentava. Quando senti que tinha chegado a minha hora, selecionei minhas melhores poesias e lancei o meu primeiro livro: Contrariemos os Desencontros. Com ele, mais responsabilidade veio. Criei a página do facebook, fiz parceria com alguns escritores e blogs e, agora, nasce o meu próprio blog. A felicidade é indescritível.

Em primeira instância, o blog será de contos e crônicas baseados em poesias do meu livro. Talvez, mais para a frente, trarei mais conteúdos, como resenhas, mediante o que os leitores desejarem. Por isso é tão importante que vocês me mandem comentários, e-mails e mensagens no facebook, dizendo o que preferem/o que não gostam muito. Seguem abaixo as formas de contato:

Facebook: https://www.facebook.com/ContrariemosOsDesencontros/

E-mail: juh_m_a@hotmail.com

Obrigada! <3

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Foi numa tarde de dezembro

by Unknown - 11:15

Cromossomos;

Como somos

Inventamos o eixo

E desleixamos.

Contrariemos os Desencontros

Foi numa tarde de dezembro que eles se conheceram. As nuvens eram cinza, contrastando com o céu azul que ali estava, pronto para se mostrar. Seus corpos acabaram se esbarrando uma ou duas vezes, devido à multidão e – eles acreditavam – à vontade que tinham de se entrecruzarem. Os dias foram se passando, um após o outro, sempre com muito esforço em continuar e com um peso enorme no olhar, até que ambos se olharam e se viram realmente, com todo o desespero que o primeiro Amor provoca no peito.

Amor? Como assim, Amor? Afinal, eram estranhos um para o outro. Mal se conheciam. Mal se falavam. Mal se olhavam. Mas era evidente a conexão que sentiam – e, isso, nem eles podiam negar para si próprios.

Numa bela manhã de janeiro, tentaram mais do que o costume. E, quem diria que conseguiriam? Saíram, gargalharam, beijaram, abraçaram, deram as mãos e gritaram o Amor que sentiam aos sete ventos. Foi tudo lindo. Mágico. Inebriante. Porém, finito.

Quê!? Mas Amor também morre? Não, não pode ser! Não Amor com essa letra maiúscula na inicial. Não esse Amor. Não!

Entretanto, a verdade é sempre o que mais dói. E, após meses e meses da mais pura união, o laço se rompeu: outros laços intermitentes foram criados. E nem o mais forte ser humano consegue aguentar tal peso na existência.